quarta-feira, 7 de maio de 2008

Matemática: Maus resultados não são normais, diz Governo

O secretário de Estado adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, defendeu hoje que é preciso erradicar a ideia instalada em Portugal de que os maus resultados a matemática são normais.
«Há problemas na cultura que existe em torno da matemática, que tende a naturalizar o insucesso na Matemática. As pessoas acham normal que os alunos tenham maus resultados, mas não acham normal que tenham maus resultados noutras disciplinas», afirmou Jorge Pedreira durante uma conferência internacional sobre o ensino da matemática, que decorre até quinta-feira em Lisboa.
Cathy Seely, especialista norte-americana no ensino da matemática, explicou numa comunicação à conferência que os Estados Unidos enfrentam problemas semelhantes aos de Portugal no ensino da matemática, mas adiantou em declarações à agência Lusa que o ensino no país tem conhecido melhorias em algumas faixas etárias.
«Nos últimos 20 anos temos sido bem sucedidos no ensino para os mais novos e agora conseguimos melhorar o ensino para os alunos na faixa dos 12/13 anos. Não temos sido tão bem sucedidos com os alunos mais velhos, os do ensino secundário, mas queremos continuar a perseguir esse objectivo», disse Cathy Seely.
A especialista revelou que o maior desafio ao ensino da matemática nos Estados Unidos é conseguir equilibrar a parte escolar com a componente do uso da matemática como preparação para uma vida plena em sociedade.
«O maior desafio que enfrentamos é como podemos equilibrar a responsabilidade de preparar alunos que tenham um bom desempenho nas avaliações, mas também alunos que estejam equipados com a matemática que precisam para ser bons cidadãos, para estarem prontos a conseguir um emprego e para prosseguirem estudos superiores», declarou Cathy Seely.
«Acho que todas estas coisas que queremos para os nossos alunos são um objectivo ambicioso difícil de conseguir e temos [nos EUA] uma necessidade de professores mais qualificados para o conseguir», acrescentou.
Também Jorge Pedreira reconheceu que a qualificação dos professores que ensinam matemática continua a ser um dos problemas, mas recordou que o Plano de Acção para a Matemática procura suprir essa falha com acções de formação para os docentes.
«Há problemas do ponto de vista curricular, há problemas do ponto de vista da formação de professores. Há muitos problemas de natureza diferente e para todos tem de haver respostas», afirmou Jorge Pedreira.
O secretário de Estado reconheceu que é necessário partilhar experiências, mesmo a nível internacional, mas considera que os modelos utilizados por outros países não podem ser aplicados directamente, já que têm que ser adequados a diferentes realidades.
«É difícil transplantar soluções de um país para o outro. Não há uma solução que sirva a toda a gente», declarou.
Entretanto, em jeito de balanço de três anos de implementação do Plano de Acção para a Matemática, Jorge Pedreira, disse que «já há melhorias que são visíveis na forma como as escolas estão a trabalhar», mas ressalvou que não é possível exigir resultados imediatos em educação e que será preciso esperar ainda uns anos para confirmar a eficácia na qualidade da aprendizagem das medidas implementadas.
Na conferência internacional sobre ensino de matemática, que decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, estão em debate temas como o currículo de matemática, as tendências e práticas, boas práticas curriculares e de formação e a formação contínua de professores.

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