segunda-feira, 21 de abril de 2008

ME: «Chumbar» é a maneira mais fácil de resolver problema

A ministra da Educação afirmou hoje que «chumbar» os alunos «é a maneira mais fácil de resolver o problema» da exigência do sistema educativo, refutando as acusações de «irresponsabilidade» que Paulo Portas lhe dirigiu no fim-se-semana.
O líder do CDS-PP criticou domingo a ministra da Educação, acusando-a de «centralismo» e «irresponsabilidade» por, no entender de Portas, dizer aos professores, a poucos meses do fim do ano, para passarem os alunos mesmo que não saibam a matéria, referindo-se a uma entrevista a Maria de Lurdes Rodrigues publicada na edição de domingo do Correio da Manhã.
O presidente do CDS-PP disse que a indicação de Maria de Lurdes Rodrigues «é uma prova de centralismo porque não é competência da senhora ministra avaliar os alunos. Quem dá as aulas e faz as avaliações são os professores e a indicação para passar os alunos, mesmo que eles não saibam, é uma indicação política», declarou Portas.
«Mesmo que os alunos não saibam a matéria passem-nos de ano, é uma prova de irresponsabilidade», disse ainda o líder do CDS-PP. «Acho que isto é destruir o sentido de exigência no sistema educativo», acusou Paulo Portas.
Em declarações aos jornalistas hoje, no final da cerimónia de tomada de posse do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores, a ministra Maria de Lurdes Rodrigues afirmou que «é preciso que o doutor Paulo Portas leia as frases até ao fim».
«Foi este Governo que desenvolveu nas escolas as aulas de substituição», disse Maria de Lurdes Rodrigues, acrescentando que «chumbá-los [aos alunos] é a maneira mais fácil de resolver o problema».
«Exigência e rigor é reforçar os tempos de trabalho com os alunos», disse a ministra.
Na entrevista ao Correio da Manhã, a ministra da Educação disse que Portugal é o país em que há mais chumbos. «E por aí o nosso sistema não seria facilitista, seria exigente, mas na realidade é facilitista porque essa repetência não serve para aumentar o rigor e a exigência de trabalho com esses alunos. Ficam numa espécie de limbo que depois prejudicam muitíssimo os nossos resultados», disse a ministra ao jornal.
«Se considerarmos na amostra os alunos que não repetem, os alunos que estão no ciclo adequado à sua idade têm valores iguais à média dos países da OCDE. Até produzimos mais excelência. Isto é, os nossos alunos do 7 º ano muito bons são melhores do que os muito bons dos outros países. Mas depois temos o peso dos que chumbam, dos que ficam retidos, que puxam os nossos resultados médios para baixo», afirmou.
«O que significa é que a repetência devia constituir um espaço de trabalho efectivo para que eles recuperassem. O problema é que esses alunos nunca recuperam», constatou a ministra da Educação.

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