Um pouco por todo o País, as aulas estiveram suspensas durante a manhã de ontem devido à realização das reuniões de esclarecimento e aprovação da moção da Plataforma Sindical. O Dia D da educação ficou marcado por cerca de 1300 sessões de esclarecimento e a prática adopatada pelas escolas que recebiam os sindicatos foi a de não haver aulas. O balanço oficial só hoje será feito, mas ao final da tarde de ontem, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof (Federação Nacional de Professores), não tinha dúvidas: "A esmagadora maioria das escolas aprovou a moção" proposta pela Plataforma Sindical de Professores, uma moção de apoio ao "entendimento" alcançado com o Ministério da Educação (ME), mas onde se garante que os professores não abrem mão das suas reivindicações. "Houve algumas escolas que recusaram a moção, mas por aquilo que sei terão sido poucas e as votações não terão sido significativas", disse ao DN. Desta forma, a plataforma não vê motivos para recuar na ratificação do acordo, agendada para amanhã.
O Dia D serviu, antes de mais, para esclarecer os professores sobre o conteúdo do "entendimento", mas também para ouvir as dúvidas dos docentes e debater novas formas de luta. Algumas reuniões foram mais acaloradas, como foi o caso da que se realizou na Escola de São Pedro, em Vila Real, onde quase metade dos professores abandonou a sala antes do encontro terminar e, no final, os 17 participantes votaram em massa contra a moção dos sindicatos, por, como explicou o professor Octávio Rodrigues, este acordo mais não ter feito "do que adiar o problema para Setembro". Ou, nas palavras de um colega, José Aníbal, ter "esvaziado a força dos cem mil professores que participaram na manifestação de Lisboa".
Desiludidos e sentindo-se traídos, alguns professores não concordam com a negociação. "Se há alguma vitória, ela é do Governo. A avaliação não foi suspensa. O que vai acontecer este ano com a avaliação dos contratados iria acontecer com ou sem entendimento", concluiu Manuel Coutinho, professor de Vila Real.
Esta, porém, não terá sido a opinião da maioria dos professores. "É muito grave que alguns colegas tentem convencer os professores de que isto é zero, estão a fazer um bom serviço ao Governo", acusou Mário Nogueira, que denunciou mesmo algumas manobras "desonestas" de professores que tentam desacreditar os dirigentes sindicais. José Ricardo, representante da FNE (Federação Nacional de Educação), reafirmou: "Tanto a FNE como a Fenprof trabalharam muito neste entendimento para resolver algumas questões no imediato, mas as questões de fundo mantêm-se. Está-me a custar muito os ataque vindos de colegas nossos, a desvalorizar este entendimento com o ME apenas para confundir ainda mais os professores.
"Apesar de darem cobertura à posição da plataforma sindical, os professores não deixaram de criticar a política do Governo na área da educação e manifestaram a vontade de não abandonar as reivindicações: "É uma trégua temporária", garantiu o professor Armindo Bragança, que orientou a sessão de esclarecimento na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto. "Este entendimento mínimo alcançado pela plataforma sindical é benéfico para todos os professores, mas é importante transmitir a ideia de que a luta não acaba aqui."
Questões como o Estatuto da Carreira Docente, o regime de direcção e gestão escolar, a educação escolar e o encerramento de escolas continuam na ordem do dia.
Sem comentários:
Enviar um comentário